05 fevereiro, 2006

O pretexto cartoon

Ultimamente tem-se falado muito no cartoon publicado na Dinamarca, caricaturando Maomé, o que enraiveceu (ainda mais) os muçulmanos um pouco por todo o mundo. Embaixadas incendiadas, ameaças de sanções económicas, confrontos aqui e ali, enfim, a violência a que (infelizmente) já estamos habituados. Esta ira muçulmana contra o Ocidente ganha um novo pretexto e uma base justificativa, na óptica deles, para prepetuar a tensão.
«(...) em Gaza, o pregador da Grande Mesquita afirmou, perante milhares de fiéis "Não aceitamos desculpas. Deve cortar-se a cabeça daqueles que publicaram essas caricaturas"(...)».
Não vale a pena repetir aquilo que para nós é de senso comum, ou seja, que não se deve defender uma religião com recurso à violência, pois é totalmente incoerente. À conclusão contrária só se poderá chegar por erro de interpretação dos textos.
Mas relembro que não são os mulçumanos os únicos a condenarem cartoons que envolvam figuras religiosas. Há uns tempos atrás, também os católicos se revoltaram contra um cartoon do Papa João Paulo II, "envergando" um preservativo no nariz, uma crítica à proibição da Igreja do uso do preservativo como forma de prevenção contra o vírus da SIDA.
Secalhar algumas das pessoas que ao tempo da publicação do cartoon do Papa João Paulo II se revoltaram e se opuseram ao mesmo, agora não veêm mal nenhum na publicação do cartoon de Maomé.
Mas será que estamos a recuar no tempo, ou a emigrar para países onde a liberdade de imprensa e de expressão não é ainda uma realidade?! Ou estamos a pôr limites a estas liberdades, fazendo uma selecção do que é "religiosamente" correcto ou não?
Haverá mesmo áreas onde a liberdade de expressão tem de ficar presa ao papel de rascunho por cima da nossa secretária e passado uns dias acaba no lixo?
Sejamos coerentes e democráticos; nem toda a gente tem uma religião e ainda que tenha, é livre de a criticar, a sua e outras. Não me parece haver nenhuma área livre de crítica. Tudo é discutível e criticável. Dirão, tudo menos os dogmas. Mas o que para um são dogmas, para outro podem não ser, e a discussão é inevitável. Portanto, acaba por ser tudo relativo, logo discutível, logo criticável.
Seja por meio de um cartoon do profeta Maomé, do Papa João Paulo II, ou outro qualquer.
A crítica e a discussão fomentam a inteligência e condenam a Humanidade ao contínuo aperfeiçoamento. Por isso, devem ser bem aceites, desde que feitas dentro dos limites da democracia, dos bons costumes e com respeito de parte a parte.

Comments:
É muito ténue a linha que separa a crença religiosa da liberdade de expressão a essa nível. Tenho a convicção que as caricaturas eram bastante ofensivas dos costumes muçulmanos, talvez exageradas. No entanto é óbvio que a situação actual, não é mais do que aprovetamento político para justificar todos aqueles actos de fervor religioso e ódio exacerbados...

Será o primeiro passo para uma nova Guerra Mundial que há muito se anuncia?

Gostei do teu texto! Boa reflexão!
Beijinho!
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?