20 fevereiro, 2006

Coisas do dia-a-dia

Todos nós já nos olhámos naquelas portas tipo espelho, em que as pessoas que estão da parte de dentro veêm tudo cá para fora, mas nós, cá de fora, não conseguimos ver nada lá para dentro.
Muitas vezes, se é uma porta grande até ficamos a olhar o tempo todo. Não é por vaidade, não é por nada, é quase institivo passar por uma porta dessas e olhar. Às vezes até aproveitamos para dar um jeitinho no cabelo ou para endireitar o casaco, quem sabe até dar um sorriso!
E passa. É como se aquele fosse um momento só nosso, como se nos estivéssemos a olhar no espelho de casa. É um olá que estamos a dar a nós mesmos no meio da rua. Encontrámo-nos e, por isso, cumprimentamo-nos.
O pior é quando nos apercebemos que alguém que está lá dentro nos viu. Viu o nosso sorriso, a nossa mão a passar pelo cabelo, viu o casaco a ser endireitado.
E é nessa altura que ficamos envergonhados...

14 fevereiro, 2006

Introdução ao Carnaval (Parte II)


Há também outro tipo de máscaras. Máscaras que escondem pessoas maravilhosas!!! Quantas vezes não são surpreendidos por conhecerem melhor uma pessoa, cuja personalidade vos passava completamente ao lado?


05 fevereiro, 2006

O pretexto cartoon

Ultimamente tem-se falado muito no cartoon publicado na Dinamarca, caricaturando Maomé, o que enraiveceu (ainda mais) os muçulmanos um pouco por todo o mundo. Embaixadas incendiadas, ameaças de sanções económicas, confrontos aqui e ali, enfim, a violência a que (infelizmente) já estamos habituados. Esta ira muçulmana contra o Ocidente ganha um novo pretexto e uma base justificativa, na óptica deles, para prepetuar a tensão.
«(...) em Gaza, o pregador da Grande Mesquita afirmou, perante milhares de fiéis "Não aceitamos desculpas. Deve cortar-se a cabeça daqueles que publicaram essas caricaturas"(...)».
Não vale a pena repetir aquilo que para nós é de senso comum, ou seja, que não se deve defender uma religião com recurso à violência, pois é totalmente incoerente. À conclusão contrária só se poderá chegar por erro de interpretação dos textos.
Mas relembro que não são os mulçumanos os únicos a condenarem cartoons que envolvam figuras religiosas. Há uns tempos atrás, também os católicos se revoltaram contra um cartoon do Papa João Paulo II, "envergando" um preservativo no nariz, uma crítica à proibição da Igreja do uso do preservativo como forma de prevenção contra o vírus da SIDA.
Secalhar algumas das pessoas que ao tempo da publicação do cartoon do Papa João Paulo II se revoltaram e se opuseram ao mesmo, agora não veêm mal nenhum na publicação do cartoon de Maomé.
Mas será que estamos a recuar no tempo, ou a emigrar para países onde a liberdade de imprensa e de expressão não é ainda uma realidade?! Ou estamos a pôr limites a estas liberdades, fazendo uma selecção do que é "religiosamente" correcto ou não?
Haverá mesmo áreas onde a liberdade de expressão tem de ficar presa ao papel de rascunho por cima da nossa secretária e passado uns dias acaba no lixo?
Sejamos coerentes e democráticos; nem toda a gente tem uma religião e ainda que tenha, é livre de a criticar, a sua e outras. Não me parece haver nenhuma área livre de crítica. Tudo é discutível e criticável. Dirão, tudo menos os dogmas. Mas o que para um são dogmas, para outro podem não ser, e a discussão é inevitável. Portanto, acaba por ser tudo relativo, logo discutível, logo criticável.
Seja por meio de um cartoon do profeta Maomé, do Papa João Paulo II, ou outro qualquer.
A crítica e a discussão fomentam a inteligência e condenam a Humanidade ao contínuo aperfeiçoamento. Por isso, devem ser bem aceites, desde que feitas dentro dos limites da democracia, dos bons costumes e com respeito de parte a parte.

A dar as últimas

Jorge Sampaio, numa de tentar fazer o máximo de condecorações que conseguir por minuto, não se tem poupado a condecorar todo o tipo de gente, em todas as áreas.
Diz-se que as próximas "personalidades" a serem distinguidas com a Ordem de Mérito de D. Henrique são:
- a cabeleireira Tuxa, da Baixa da Banheira, pelos sempre sábios conselhos e atempadas cuscuvilhices que fornece às suas clientes (já para não falar nas fantásticas unhas de gel);
- o sr. agente da autoridade Manuel Antunes, por autuar sem piedade os prevaricadores dos artigos do Código da Estrada;
- o padeiro Da Esquina, porque sim.

03 fevereiro, 2006

Introdução ao Carnaval (Parte I)

"Now and Then", toda a gente se esconde atrás de uma máscara.
Uns mais do que outros, claro.
Há quem se esconda atrás de uma máscara de expressão feliz, para tentar ocultar uma realidade triste...
Há quem ponha uma máscara divertida, encobrindo falta de conhecimentos.
Pode haver também quem ponha uma máscara triste, para evidenciar carências que nem sempre as pessoas gostam de assumir...
A maior parte do tempo, as pessoas usam máscaras e trocam-nas tantas vezes quanto mudam de estado de espírito. Isso parte do facto de, em sociedade, as relações entre pessoas não suportarem por vezes uma realidade que incomoda. Quando perguntamos a alguém com quem não temos muita intimidade se está boa, normalmente não esperamos ouvir um não. E a pessoa, mesmo que esteja na real bosta, vai pôr uma cara simpática e sorridente, e responder convictamente que sim, que está boa. A relação entre estas duas pessoas não suportaria uma reacção diferente.
Já em relações mais íntimas, como entre amigos, namorados, família, as coisas não são bem assim, ou podem não ser assim. Quando fazemos uma pergunta daquele género, esperamos ouvir uma resposta sincera e embora nos possa incomodar a resposta, facilmente nos adaptamos. Isto, do lado de quem pergunta. Mas e do lado de quem responde? Pode não ser bem assim. É que as pessoas às vezes põem máscaras até com aqueles com quem deveriam ser mais abertas e sinceras. Para que estas não se preocupem, porque não querem partilhar sentimentos, para não incomodar, porque não vale a pena.
Será que é isto que ainda vai mantendo alguma sanidade nas relações entre as pessoas? Ou será que as coisas eram bem melhores se as pessoas não se escondessem atrás de máscaras, para ocultar o que verdadeiramente sentem?
Será que as pessoas têm de carregar certos fardos só para si?
Poderiam as relações ficar "entupidas" com excesso de informação e de partilha, assim como ficam as operadoras móveis na Passagem de Ano?
Acho que o primeiro passo é que todos reconheçamos aquilo que sentimos. E que partilhemos isso com alguém, nem que seja só uma pessoa, para além de nós próprios ou de Deus. Ter pelo menos uma relação em que nos sintamos tão à vontade para falar de tudo. Alguém com quem as máscaras caem todas e conseguimos ser, a todo o tempo, nós mesmos.

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